Sem querer me intrometer | Mariana Baptista

Resenha: A Invencao das Asas | Sue Monk Kidd



Título: A Invenção das Asas
Original: The Invention of Wings
Autora: Sue Monk Kidd
Editora: Paralela {Companhia das Letras}
Páginas: 324
Avaliação: ★★★★ (4/5)





Em sua terceira obra, Sue Monk Kidd, cujo primeiro livro ficou por mais de cem semanas na lista de mais vendidos do New York Times, conta a história de duas mulheres do século XIX que enfrentam preconceitos da sociedade em busca da liberdade. Sue Monk Kidd apresenta uma obra-prima de esperança, ousadia e busca pela liberdade. Inspirado pela figura histórica de Sarah Grimke, o romance começa no 11º aniversário da menina, quando é presenteada com uma escrava: Hetty "Encrenca" Grimke, que tem apenas dez anos. Acompanhamos a jornada das duas ao longo dos 35 anos seguintes. Ambas desejam uma vida própria e juntas questionam as regras da sociedade em que vivem.

     Antes de ler A Invenção das Asas, eu já havia tido um breve contato com o talento de Sue Monk Kidd através de A Vida Secreta das Abelhas recentemente relançado também pelo selo Paralela da Companhia das Letras ― e, mais uma vez, me impressionei com a sensibilidade e maestria da autora na abordagem de uma questão tão polêmica como a escravidão.

     A Invenção das Asas se passa, inicialmente, no começo do século XIX e mostra a improvável e, praticamente, inaceitável para a época ― amizade entre Sarah Grimké, uma menina rica e engajada, e Encrenca (Hetty Grimké), uma escrava dada de presente a ela em seu aniversário de onze anos com a finalidade de servir como sua dama de companhia.

     Contrariando o senso comum da sociedade em que vive, o ideal de justiça de Sarah sempre foi bastante diferenciado dos demais jovens de sua idade. Ao receber Encrenca como sua serva, ela recusa o presente e concede a libertação da escrava, que até então demonstrava-se bastante conformada com a condição imposta socialmente à sua raça.

Declaro, por meio desta, no dia 26 de novembro de 1803, na Cidade de Charleston, no estado da Carolina do Sul, que alforrio Hetty Grimké e entrego esse certificado de manumissão para ela. Sarah Moore Grimké. Parte 1, pág. 24

     O livro mostra a estória de luta contra a opressão ― tanto física, quanto psicológica ― que Sarah e Hetty, acompanhadas de Nina (Angelina), a única outra filha dos Grimké que posiciona-se a favor do abolicionismo, e Charlotte, mãe de Encrenca, travam durante 35 anos de suas vidas.

     Sue Monk Kidd teve o cuidado de mostrar em sua narrativa a evolução de personalidade das personagens conforme o tempo passa e situações marcantes acontecem em suas vidas. As protagonistas que conhecemos nas primeiras páginas do livro são totalmente diferentes daquelas a quem somos apresentados nos momentos finais da leitura.

"Eu não quero ficá livre. O único jeito de eu ficá livre é com você ficando livre". Parte 5, pág. 254

     A Invenção das Asas é narrado em primeira pessoa com capítulos alternados entre Sarah e Encrenca. Dessa forma, podemos conhecer a mesma estória de dois pontos de vistas diferentes, o que é muito interessante para identificarmos as diferenças de postura das pessoas da época em relação aos ricos e aos escravos.

     Considerando a diagramação interna e externa, tradução e revisão, a editora Paralela apenas enriqueceu ainda mais a obra com um trabalho impecável e atento aos detalhes.
     Aproveito, também, para destacar a capa que, além de estar maravilhosa, como vocês podem ver, tem textura soft-touch, algo que eu particularmente adoro.

     Com certeza, mais uma obra maravilhosamente executada por Sue Monk Kidd. O livro traz lições poderosas e leva o leitor a refletir sobre as dificuldades desse período tão cruel e obscuro da história mundial.
     Porém, me sinto na obrigação de informar que A Invenção das Asas não é focado em estabelecer uma trama ativa e cheia de acontecimentos. Muito pelo contrário, esse livro trata muito mais de ideias do que de fatos. Comecem a leitura com esse conceito em mente para não se decepcionarem com a falta de situações marcantes, dinâmicas e/ou surpreendentes durante a narrativa.

Enfrentei minhas decepções conduzindo vigorosas conversas comigo mesma sobre o futuro. Tudo é possível, tudo mesmo. Parte 1, pág. 30

*ESSA POSTAGEM É VÁLIDA PARA O TOP COMENTARISTA DE AGOSTO* 

7 comentários:

  1. Lendo sua resenha,fiquei fascinada com essa história.
    Um livro que aborda um problema de diferenças sociais e luta pela igualdade entre às pessoas,parece emocionante.
    Quero muito conhecer a história,dessas duas mulheres.

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  2. Um romance de época, muito bom!!!! Ótimo livro para refletir e conhecer mais sobre o periodo da escravatura!!!!
    E mais uma vez, parabens pela resenha :)

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  3. Esse livro nem estava na minha lista, mais achei bem interessante lendo sua resenha, fiquei intrigada querendo saber mais sobre.
    Agora já entrou na lista, e pretendo ler o quanto antes.

    Beijão
    Débora
    www.deborafavoreto.com.br

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  4. Essa história parece magnifica sobre essa luta contra a opressão e etc, nunca havia lido um livro dessa autora, talvez seja o primeiro haha :)
    Bjs
    Anny

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  5. Uau, a ideia da autora parece bem incrivel e ja estou adorando muito as protagonistas, fico imaginando quantas historias assim aconteceram naquela epoca e que devem ter tido finais bem tristes :/ espero que eu goste do livro, pq logo lerei ^^

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  6. Romances de época não são bem a minha praia, eu gosto mesmo é dos filmes de época. É sim um livro bastante interessante porém tenho certos problemas com esse tipo de estória, sobre racismo, escravidão e etc, acho que não conseguiria ler. Mas com certeza a autora é muito muito boa e se um dia eu tomar coragem, vou tentar ler sim! Adorei a resenha.

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  7. Confesso que não me interessei muito pela trama do livro. Acho que não iria curtir o cenário, as situações e a narrativa. Parece um pouco arrastada, sem muita ação =/

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