Sem querer me intrometer | Mariana Baptista

Resenha: Me Liga | Sarah Mlynowski



Título: Me Liga
Original: Gimme a Call
Autora: Sarah Mlynowski
Editora: Galera Record
Páginas: 319
Avaliação: ★★★★ (4/5)



Devorah Banks está recebendo umas ligações um tanto malucas. Afinal, não é toda hora que seu eu do futuro liga para dar dicas de provas, gatos, etc. Xi... será que Devi acredita? E obedece? Afinal, a Devi do futturo já passou pelo ensino médio, está mais madura e experiente (e bem mandona) e sabe o que é melhor para elas, certo?



     Ah... os queridos, amados e maravilhosos livros juvenis! Dá para viver sem eles?

     Me Liga me chamou atenção, inicialmente, pela premissa. O contato direto entre duas fases de uma mesma jovem. Muito inovador. Ainda assim, comecei a leitura sem grandes expectativas e acabei me surpreendendo com o conteúdo da estória de Sarah Mlynowski.

     Devorah Banks, mais conhecida como Devi, tem 14 anos e está no primeiro ano do sonhado e temido Ensino Médio. Tudo vai bem até que, de repente, a garota começa a receber estranhas ligações de alguém que se identifica como ela mesma no futuro. Estranho, não?
     Pois é, a Devorah Banks de 17 anos que agora prefere ser chamada de Ivy ― está, em uma “outra dimensão”, bastante insatisfeita com sua vida. Ela brigou com as amigas, parou de estudar e trocou tudo que tinha pelo namorado Bryan, que não hesitou em dispensá-la assim que teve oportunidade.  Condenada a uma vida infeliz, cursando o terceiro ano com a perspectiva única de ingressar em uma faculdade que nem ao menos gosta e se remoendo constantemente pelas escolhas erradas que fizera no passado, Ivy nem se quer pensa duas vezes quando, magicamente, uma estranha fonte lhe concede um desejo: Escolhe poder se comunicar com seu antigo eu a fim de tentar mudar algumas coisas e sair da situação deplorável em que se encontra.

(...) Não acredito em quantas coisas chatas aconteceram durante os últimos três anos e meio. Capítulo 9, pág. 87

     Mas para Devi é complicado aceitar que tudo isso seja difícil. No início das ligações, ela se mostra resistente a acreditar que está falando com seu eu futuro. Porém, aos poucos, a jovem de 14 anos passa a ouvir a voz da experiência daquela interlocutora que parece realmente saber o que está falando.

— Estou tão feliz por acreditar em mim! — exclamo. — Não tinha certeza sobre como você, quero dizer, eu reagiria. Quero dizer, eu sei que é difícil acreditar, mas que outra explicação pode haver? Capítulo 5, pág. 39

     As mudanças causadas por Devi ao ouvir os conselhos de Ivy não surtem exatamente o efeito esperado. A cada novo caminho que a mais jovem traça, a mais velha se vê distante de coisas que fazem parte do seu dia-a-dia. Afinal, não é tão fácil assim resolver sua vida inteira de uma hora para outra, não é mesmo?

     A personalidade das “duas personagens” é bastante contrastante. Enquanto Ivy alimenta a compulsão de fazer tudo dar certo na sua vida custe o que custar, Devi é como qualquer pré-adolescente despreocupada, empolgada com as novidades que está vivendo e bastante confusa com a situação incomum em que está inserida.

     Me liga é completamente narrado em primeira pessoa, com capítulos alternados entre a Devorah do presente (Devi) e a Devorah do futuro (Ivy). Apesar de ser uma narrativa bastante incomum, a trama não se torna confusa ― principalmente se você possuir um conhecimento prévio dos acontecimentos do livro, levando em conta que durante os primeiros capítulos não somos apresentados à perspectiva de haver duas Devorahs de tempos distintos envolvidas na estória.

     A leitura é leve e rápida e leva o leitor a refletir sobre as mudanças que gostaria de realizar na própria vida se tivesse oportunidade. Será que elas valeriam a pena? Será que se o passado tivesse sido diferente, o presente não seria ainda pior?

     O livro é envolvente e me surpreendeu bastante. Ótima dica para descontrair.


3 comentários:

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