Título: Proibido
Original: Forbidden
Autora: Tabitha Suzuma
Editora: Valentina
Páginas: 302
Avaliação: ★★★★★ (5/5)
Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis. Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã. Mas será que o mundo receberá de braços abertos aqueles que ousaram violar um de seus mais arraigados tabus? E você, receberia? Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.
Há alguns, quando começou a correr a
notícia de que a Editora Valentina realizaria sua publicação no Brasil, Proibido virou instantaneamente alvo de
comentários constantes em blogs literários e rodas de bate-papo entre amantes
de livros. Mas, para aqueles que ainda não conhecem a obra, explico o motivo
para tanta euforia e ansiedade dos leitores: O tema principal desse livro é um
assunto polêmico pouquíssimo discutido nas estórias que costumamos conhecer. O
amor ― em seu sentido carnal ― entre irmãos.
Eu, também infectada pela enorme
curiosidade de conhecer o trabalho de Tabitha Suzuma, solicitei assim que pude
que a editora me cedesse um exemplar para resenha e, poucos dias depois, já
havia finalizado a leitura de uma das tramas mais tocantes e impactantes que
tive acesso na vida.
Proibido
nos apresenta a Lochan e Maya, um jovem casal de irmãos separados por
apenas um ano de diferença de idade, que após serem abandonados pelo pai e
negligenciados pela irresponsável mãe ― que tinha muitos problemas relacionados
ao consumo de álcool ―, tiveram que amadurecer extremamente rápido para evitar
que sua família (composta por mais três irmãos mais novos, Kit, Willa e Tiffin)
fosse separada por algum órgão do conselho tutelar.
Nunca nadamos em dinheiro, pois nosso pai era poeta, mas, mesmo assim, as coisas eram mais fáceis sob muitos aspectos. Mas isso já faz muito, muito tempo. Nossa casa agora é o número 62 de Bexham Road: um cafofo de dois andares, três cômodos, de alvenaria cinza, espremido entre uma longa fileira de casas geminadas, com garrafas de Coca-Cola e latas de cerveja brotando das ervas daninhas entre o portão quebrado e a porta laranja desbotada. Capítulo 1, pág. 16
Lochan e Maya eram muito diferentes entre
si ― ele tinha problemas severos de comunicação e só conseguia se expressar na
companhia da irmã e ela, por sua vez, era extremamente simpática e maternal,
tentando sempre manter o bem-estar de todos seus entes ― e juntavam-se para dar
a melhor educação e todo conforto possível aos seus irmãos. Mas essa não era
uma tarefa fácil.
Tentando conciliar suas próprias vidas
escolares com os cuidados que prestavam aos mais novos ― especialmente a Kit,
que começava a mostrar alguns desvios indesejáveis de caráter ―, as
adversidades da vida fizeram com que os protagonistas se aproximassem em uma
relação totalmente improvável entre irmãos de sangue: Uma relação de marido e
mulher.
Pressionada contra ele, posso sentir as batidas fortes do seu coração contra o meu, seu peito se expandindo e contraindo depressa contra o meu, o sussurro quente do seu hálito fazendo cócegas no meu pescoço, sua perna roçando a minha coxa. Pousando os braços nos seus ombros, eu me afasto um pouco para olhar seu rosto. Mas ele não está mais sorrindo. Capítulo 8, pág. 93
Mostrando a luta de Lochan e Maya contra
seus próprios sentimentos e todas as dificuldades financeiras e sociais
enfrentadas pelo casal, Proibido traz capítulos narrados em
primeira pessoa que se alternam entre os dois, aprofundando o leitor cada vez
mais no conhecimento de suas personalidades e medos através de relatos repletos
de emoções confusas e reflexivas.
Pensa numa garota arrependida por não ter comprado "Proibido"?! Euzinha aqui!
ResponderExcluirPara ser bem sincera, tive uma dose de preconceito com a história.
Mas, depois de tanto burburinho, minha curiosidade aflorou. Depois desta resenha (Mari, você escreve muito bem) estou louca pelo livro!
Parabéns pela resenha!
Beijos