Resenha: Cisne | Eleonor Hertzog

Título: Cisne

Primeiro livro da série Uma geração, Todas as decisões

Autora: Eleonor Hertzog

Editora: Dracaena

Páginas: 832

Avaliação: ★★★★★ (4/5)

Ninguém sabe exatamente quais são os critérios de seleção da Escola Avançada de Champ-Bleux, mas não há como discutir sua eficácia. Seus exames de ingresso não erram nunca! Entre milhares de candidatos de todos os pontos da Terra, apenas duzentos e cinquenta são escolhidos a cada semestre. E, num mundo onde ser cientista é o maior status que alguém pode desejar, a Escola Avançada de Champ-Bleux forma aqueles que são disputados a peso de ouro. Doris e Henry Melbourne são cientistas formados por Champ-Bleux. Aparentemente, são biólogos marinhos. Aparentemente, suas vidas se centram no Cisne, barco de pesquisas onde moram com os filhos. E, também aparentemente, são terráqueos... Seus filhos acreditam em todas essas aparências – ao menos por enquanto. Seguindo os passos dos pais, os jovens Melbourne fizeram os exames de ingresso para Champ-Bleux. Enquanto, cheios de expectativa, aguardam os resultados para saber se ao menos um deles entrou na Escola Avançada, veem-se envolvidos numa questão diplomática entre Terra e Tarilian, o único outro mundo habitado que os terráqueos conhecem. Inesperadamente, o futuro das relações entre os dois mundos vai ser decidido em um barco no meio do oceano! Mal sabem eles que isso é apenas o começo... Logo precisarão decidir pela Terra inteira!

      Ah, a literatura nacional... Sempre me surpreendendo positivamente. 
     Antes de começar a resenha, me vejo obrigada a citar um fato que considero importantíssimo: Sim, Cisne é um livro enorme! Com suas 832 páginas e formato maior do que os livros que estamos acostumados a comprar, em um primeiro contato, Cisne pode te assustar. Mas não desista (DE FORMA ALGUMA!) da leitura, porque no final todas as palavras lidas valerão a pena.

     A estória começa quando conhecemos os Melbourne, uma família constituída por oito filhos ainda muito jovens (sendo uma das crianças, Peggy, adotada) e um casal de pais cientistas renomados, Henry e Doris. Juntos, eles formam a tripulação do Cisne, uma grande embarcação mantida como casa e laboratório de pesquisas.

– Cisne de água doce é um nome esquisito para um veleiro oceânico.
– Ah, é que, quando o vento enfuna as velas, quando estão todas erguidas, e todas refletindo o Sol, parece que o barco é um enorme, lindo, fantástico, maravilhoso cisne de prata! 

     Henry e Doris são formados pela Escola Avançada de Champ-Bleux, famosa por formar os melhores cientistas da Terra. E, agora, seus sete filhos mais velhos (considerando que o caçula, Bobby, ainda é muito jovem) tentam ingressar na mesma escola que os pais, realizando testes de conhecimento e aptidão dificílimos e extremamente concorridos.

     Mas se você está pensando "Esse livro é mesmo uma ficção fantástica?", agora vêm sua resposta: No universo criado por Eleonor, há outro mundo também muito comprometido com o estudo científico, Tarilian. 
     A Terra e Tarilian estão envolvidos em questões diplomáticas tão densas que, mesmo contra sua vontade, os Melboune se vêem obrigados a aceitar a bordo do Cisne uma dupla de estagiários tarilianos, Tian e Turon, e uma dupla de repórteres, sendo um deles terráqueo (Jean, o inexperiente) e um de Tarilian (Giles, o arrogante).

Terráqueos não toleravam tarilianos. Tarilianos não toleravam terráqueos. Um rivalidade inútil havia surgido e parecia ter vindo ficar.

     Unido a essa situação de interesse universal, algumas outras coisas estranhas passam a acontecer no Cisne, principalmente dizendo respeito a Peggy, que esconde muitos segredos. Para sua segurança, a menina sofreu um processo de repressão mental que a fez esquecer parte de sua infância antes de ser adotada pelos Melbourne, e, durante o desenvolvimento da estória, o leitor vai tendo acesso a mistérios e mais mistérios que a envolvem.

     Cisne é uma leitura densa, diante de seu grande número de novas informações e surpresas, mas ao mesmo tempo gostosa de se fazer. Os personagens são divertidíssimos (principalmente Tim, um dos filhos da família Melbourne, que é um dos personagens mais engraçados que eu já li na vida!) e a narrativa em terceira pessoa repleta de diálogos ajuda a estória a fluir de forma agradável mesmo com a grande extensão dos capítulos (em média, 45 páginas cada).

     O final é surpreendente e deixa diversas pontas soltas para que o leitor já possa engatar na leitura de Linhagens, segundo livro da série que já foi lançado e aparenta ser tão bom quanto o primeiro.

     Cisne é uma fantasia totalmente diferente de tudo que já li. A parceria entre paranormalidades e ciência me surpreendeu com seu resultado maravilhoso! Vale muito a pena embarcar nessa aventura.

     Agora, vem cá... Só entre nós. Para vocês entenderem o quanto me diverti com a leitura, fica aqui uma quote de uma das cenas que mais ri durante a leitura (meio fora de contexto, mas precisava compartilhar com vocês o quanto Tim é demais!).

– Abandonado pelo azar, linda e loura maninha Pam, pelo azar mesmo! A sorte já me largou faz tempo, só o azar me aguentava, mas agora ele me quer mais! Ooooooh, como sou solitário! Nem as caixas me querem! (E atirou uma caixa inesperadamente para Tom, que a pegou o melhor que conseguiu.) Está vendo só?! Do Tom as caixas gostam! Elas verdadeiramente o adoram! (Outra caixa voou, e Tom mal tinha acabado de soltar a primeira.) Elas o amam! Tom é o ídolo incontestável de todas as caixas do mundo! (A terceira caixa se foi.) O maior! O incomparável! As caixas não podem vê-lo sem gritar e desmaiar e delirar e saltar! (A quarta caixa praticamente atropelou Tom.)